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domingo, fevereiro 23, 2025

Capivaras encontradas mortas por raiva em ilha brasileira sublinham necessidade de monitoramento do vírus


Jovem capivara com paralisia dos membros posteriores, fotografada poucos dias antes de morrer de encefalite rábica na Ilha Anchieta, próximo ao litoral de São Paulo. Crédito: Fundação Florestal

Três capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) morreram de raiva na Ilha Anchieta, no município de Ubatuba, estado de São Paulo, Brasil, entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020. Uma foi encontrada morta e duas apresentaram paralisia dos membros posteriores antes de morrer. Análises de seus cérebros realizadas no Instituto Pasteur, na cidade de São Paulo, mostraram que a causa da morte foi encefalite rábica.

Um artigo relatando as descobertas do estudo é publicado no diário Comunicações de pesquisa veterinária. Este é o terceiro relato de raiva em capivaras no mundo e o segundo no Brasil.

O estudo também detectou que a cepa de raiva encontrada nos três animais period a mesma da variante presente no morcego vampiro comum (Desmodus rotundus).

“Nos últimos anos tem havido um aumento de casos notificados de raiva em animais selvagens, possivelmente ligados a perturbações ambientais que desencadeiam um desequilíbrio nos ecossistemas em que vive D. rotundus”, disse Enio Mori, investigador principal do estudo. Mori é pesquisador do Instituto Pasteur, braço da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, e professor do Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental e Comparada da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP). ).

Outro caso recente envolveu um gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) infectado pelo vírus da raiva e encontrado morto em Campinas, uma das maiores cidades do estado.

A Ilha Anchieta é um parque pure estadual. As capivaras morreram lá pouco depois de trabalhos de reparo no telhado de um prédio anteriormente abandonado, forçando uma colônia de morcegos a empoleirar-se em outro lugar.

“Em momentos como este, as colônias de morcegos ficam muito estressadas, as brigas são frequentes e eles podem infectar uns aos outros com raiva, aumentando a probabilidade de transmissão para outros animais selvagens de cujo sangue se alimentam, como as capivaras”, disse Mori.

De modo geral, o desmatamento também contribui para o aumento dos casos de raiva. Menos floresta significa menos animais selvagens, cujo sangue é a única fonte de alimento dos morcegos vampiros. Os morcegos têm que encontrar outras presas, recorrendo frequentemente ao gado e até aos humanos, e potencialmente transmitindo-lhes a raiva no processo.

Variantes

As capivaras infectadas foram encontradas por funcionários da Fundação Florestal, órgão que administra as unidades de conservação de São Paulo, incluindo o Parque Estadual da Ilha Anchieta. Amostras dos animais foram encaminhados ao Instituto Pasteur, que faz parte de uma rede de laboratórios de vigilância da raiva na região. Os investigadores e o pessoal técnico testaram primeiro as amostras para detectar o antigénio do vírus da raiva para fins de triagem, concluindo que todos os três casos deram positivo.

Em seguida, isolaram o vírus para testes de confirmação. Uma das amostras estava em mau estado, impossibilitando o teste, mas conseguiram sequenciar o genoma de uma partícula viral. Os testes confirmaram a presença do variante encontrada em morcegos vampiros, apontando para uma possível transmissão por mordida.

O único outro caso de raiva em capivaras no Brasil foi publicado em 1985. Em outras partes do mundo, apenas um caso foi relatado, ocorrendo no norte da Argentina em 2009. A variante viral em questão foi tipificada apenas neste último estudo.

Não houve relatos de raiva humana transmitida por capivaras. Porém, acidentes em que pessoas são mordidas por esses animais costumam causar ferimentos graves. Não se sabe se a saliva da capivara pode conter o vírus, assim como a saliva do morcego (os morcegos são o principal reservatório da raiva na América do Sul).

“Portanto, a vigilância epidemiológica deve continuar para que possamos descobrir qual o papel que as capivaras desempenham no ciclo viral, por exemplo. É perfeitamente possível que sejam hospedeiros sem saída e morram sem transmitir o vírus a outros animais. para confirmar isso”, disse Mori.

Mais informações:
Enio Mori et al, Raiva em capivaras de vida livre (Hydrochoerus hydrochaeris) na Ilha Anchieta, Ubatuba, Brasil, Comunicações de pesquisa veterinária (2024). DOI: 10.1007/s11259-024-10558-y

Citação: Capivaras encontradas mortas por raiva na ilha brasileira sublinham a necessidade de monitorar o vírus (2024, 18 de dezembro) recuperado em 19 de dezembro de 2024 em https://phys.org/information/2024-12-capybaras-dead-rabies-brazilian-island.html

Este documento está sujeito a direitos autorais. Além de qualquer negociação justa para fins de estudo ou pesquisa privada, nenhuma parte pode ser reproduzida sem permissão por escrito. O conteúdo é fornecido apenas para fins informativos.



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